Nos idos dos anos de 1980, quando ainda não havia a independência do Poder Judiciário, na falta de Juiz ou Promotor, respondiam pelos cargos o Juiz de Paz, que aqui em Raul Soares era o Sr. Rezende e o Adjunto do Promotor o Sr. Antonio Figueiredo. E éramos de fato uma família, pois um sempre ajudávamos uns aos outros, o respeito era mutuo. O conhecimento jurídico era pequeno, mas, com simplicidade, um ouvia sempre o outro e havia uma grande honestidade para não prejudicar a ninguém como também não sermos prejudicados. Havia também o lado cômico e neste aconteceu um comigo. Combinado com o saudoso Chico Felismino, resolvi fazer uma brincadeira com o Sr. Rezende, que também era um grande brincalhão. Expedi, então, um Mandado de Prisão em que figurava como réu o Sr. Rezende. Mas para expedir o mandado teria que ter a assinatura do Juiz e assim foi feito, levei o mandado para o Sr. Rezende e ele, em confiança, assinou o mandado sem ler. Aí, então, só entreguei ao Oficial Felismino, que em cumprimento imediato fez o dever legal e foi até o Sr. Rezende e deu a vóz de prisão. Ele levou o maior susto, mas viu que havia por traz disto tudo o meu lado brincalhão e se fez de vítima, dizendo que era inocente. Alegou que a sua prisão somente seria efetuada se ele não pagasse umas cervejas para nós funcionários, no bar ao lado, que se eu não me engano era do Wantuil "CORINGA". Esse bar, que para mim e também para uns outros mais - não eram todos os funcionários - o conheciam com o “quarto Ofício”. Disse também que ele, réu, estava pronto a efetuar o pagamento da cervejada, sendo com isto o mandado devolvido ao Cartório com o cumprimento legal. Êta, era bom demais! Como sinto saudades da FAMÍLIA FORENSE, apesar de não ter nada reclamar do Poder Judiciário hoje, pois sabemos que o número de processos é totalmente superior ao dos anos passados, e as leis, após a constituição de 1988, quando houve a Oficialização e Independência do Poder Judiciário, mudaram e são mais rígidas, tanto para o cumprimento dos deveres dos funcionários, como mais rígidos os cumprimentos dos prazos legais. E com a criação da Justiça Especial o lado pega. Mas para mim eu ainda continuo lá. Se alguém não aceita, apesar de não acreditar, ainda me considero da FAMÍLIA FORENSE, com muito orgulho e sempre defendo o PODER JUDICIÁRIO.
Causos pitorescos do cotidiano raul-soarense colecionados e postados para apreciação dos leitores
sábado, 1 de dezembro de 2007
Família Forense
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